quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Ninho


Quando as folhas caem
É hora de primavera sorrir novamente
Aconchego também é vôo
Carências
Caminhos
Carinhos
Trajetos
Coragem para abrir as asas

Morada é movimento(?)

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Rio vermelho pede passagem

Um dia nos ensinaram que menstruação é sujeira
Quando escorre as vestes que nos impuseram
Até gera vergonha alheia
Não suja! Mela e embeleza
Enalteço sangue de rainhas
Geram é humanidade!
Fecunda nações
Útero descama memória de todas
Que vieram antes de nós
Essas dores em teu ventre
São aclamações, minhas irmãs
Que um dia nosso poder de cura
Retorne da onde nunca deveria ter saído
Renascemos em ciclos
Entre os abortos clandestinos
E aqueles inevitáveis do destino
O medo de morrer
Que se dilua todos os resquícios
Daqueles que invadiram teu corpo
Sem amor ę autorização
Lágrimas descem pelos meus olhos
Entre minhas pernas

Morada

A casa que hábito se encontra por vezes abandonada
Convidei minha carcaça a rodopiar pra esquecer das paredes inconvenientes e manchadas de falsas palavras e egos inflamados
Ditas por mim e por eles
Talvez eu jamais tenha amado enquanto penetrava silêncios histéricos de homens que não aprenderam a gemer com coração
Sempre desconfiei desses
Nunca me apaixonei por
aqueles que não olhavam minhas retinas nuas
Deixei todos irem,
sem raiva, sem mágoa
Talvez eu tenha amado demais ou
queira sem querer o que nem existe
Querendo me querer com orgasmos incessantementes
dançantes, amalgadores
brilhosos
Como a brecha que escapa da janela semiaberta
Mania de querer inteireza nos detalhes e nas contradições de existir
Minha morada não é estática
Porque nasci para bailar
E no meu balanço só vem
quem tem carinho para dá